Sonho de Valsa

É impressionante como o tempo traz serenidade! 
Quando era adolescente, queria mudar o mundo! Achava que meus olhos viam o mundo e sob minha ótica era assim que a Terra girava.
Com o passar dos anos, as coisas se transformam, não mudam, pois não estão diferentes. Nós é que ficamos mudados. Aprendemos a retirar os óculos e a enxergar as coisas como elas são!
Não há nada de suave na realidade, ela é dura, corta como navalha, machuca e deixa marcas. O que fazemos com as lembranças é o que nos transforma. Somos nós quem escolhemos entre continuar semi-cegos ou a ver as coisas como são.
Não falo do fim dos sonhos, mas do sonhar com o possível, do sonhar com o palpável.O que me preocupa é que quando um sonha se torna real, nós acordamos!
Eu lutei contra o desejo de não enxergar. A escuridão é mais cômoda! Entretanto, segundo Einstein, uma mente depois de aberta jamais se fecha.
Não temo a transformação, temo o emburrecimento. A falta de tolerância típica dos imaturos me assusta mais do que qualquer outra coisa...
Abrir os olhos não é o fim, é um início de nossa busca mais profunda. Ao abrir os olhos, o ser passa a ver tão profundamente que é obrigado a lidar com as partes mais obscuras de si mesmo. Com suas feridas, com seu ego, com sua vaidade! Nós nunca somos como sonhamos um dia ser, pois jamais seríamos capazes de visualizar a complexidade do amadurecimento. Crescer é uma delícia: acabam as dúvidas, chegam novas; acabam as lágrimas de raiva e chegam as de realização; vai embora o embrutecimento da certeza, chega a serenidade das dúvidas que sabemos passar...
Viver não é fácil, mas a complexidade de nós mesmos é que faz da vida aquela caixa de bombons deliciosos!